Lesão de Tendão

Podemos ter lesões nos tendões no punho e na mão por diferentes formas. As lesões nos tendões flexores e extensores são extremamente comuns principalmente nos quadros de trauma por corte na mão. Assim descrevemos as principais formas de acidente que lesionam os tendões como os acidentes com serra circular, arma branca (faca/ vidro), arma de fogo e inclusive traumas contusos em atividades simples (como uma queda ou batida) que podem causar o quadro.

A principal queixa do paciente é um déficit do movimento da mão ou do punho. Ou seja, se o paciente apresentar um corte na mão por exemplo na palma e ele não conseguir fletir (dobrar) os dedos ele provavelmente lesionou um tendão flexor da mão (região onde está localizado os tendões flexores). Do contrário uma lesão no dorso da mão há os tendões extensores. As lesões nesses tendões causam déficit na extensão dos dedos da mão (incapacidade de esticar os dedos).

Exemplo de lesão no tendão flexor (a posição do 3 dedo esticado pela falta do tendão flexor).

É  muito comum a associação das lesões dos tendões estar associado ao déficit sensitivo da mão. A sensação de parestesia (formigamento) ou anestesia (não sensitir o dedo) ocorre porque também há lesões de nervo associado as lesões tendíneas. Principalmente nos tendões flexores. Pode haver associado fraturas ósseas e nos casos mais graves lesões vasculares que podem comprometer a viabilidade do dedo ou da mão em suas funções.

Elas são uma urgência médica. Se o paciente tiver um corte na mão e perder a sensibilidade ou mesmo a função (movimento) deve imediatamente procurar um especialista em cirurgia da mão. Se o dedo perder perfusão (ficar branco) ou frio pode ser uma emergência médica e caso de revascularização do dedo imediata.

O ideal é o reparo nas primeiras 12 a 24 horas. Ao qual chamamos de reparo primário precoce. Esse demonstra os melhores resultados em qualquer literatura médica.

Após as 24 horas até 10 dias consideramos um reparo primário tardio. Esse apresenta bons resultados igualmente, mesmo não sendo o ideal.

Do 10 ao 14 dia referimos como um reparo secundário. Esse apresenta um pós-operatório já mais trabalhoso e um prognóstico inferior ao reparo primário, mas com bons resultados se o paciente realizar uma boa reabilitação

Após 4 semanas consideramos um reparo secundário tardio ou uma lesão crônica. O tratamento tem um prognóstico mais reservado, porém se realizado em mãos experientes e com as técnicas corretas para cada caso pode haver uma recuperação satisfatória.

A mensagem que passamos aos pacientes com lesão tendinosa na mão e punho é: procure com urgência um especialista em cirurgia da mão.

Tendões Extensores

Entenda um pouco sobre cada lesão tendinosa

Tendões extensores são devidos em 8 regiões (para alguns autores 9).

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Dedo em martelo - Lesões na zona 1 – Mallet Finger

Lesão em martelo é caracterizada pela descontinuidade do tendão extensor terminal, resultando em um déficit na extensão da interfalangeana distal (isso define a queda do dedo em uma posição característica abaixo)

A lesão também tem sido chamada de “drop finger” ou dedo de beisebol, mas o mais comum é  dedo em martelo é pode ser lesão dos “tecidos moles” (ruptura de tendão) ou “ósseo” (fragmento avulsionado de osso).

Causas:

  1. Lesões abertas na ponta do dedo
  2. Ferimentos fechados são os mais comuns (súbita flexão da articulação interfalangeana distal do dedo) e são tipicamente despercebidos no momento da lesão).
  3. Na hiperextensão da articulação também ocorre (menos frequente) (ocorre uma fratura da base da falange distal envolvendo um terço ou mais da superfície articular).
  4. Idosos com osteoartrite – cria uma deformidade em martelo sem relação com trauma.
  5. Há articulações hiperelásticas também que criam pseudomartelos posturais.

Características da lesão (incidência)

  1. Mais comum no dedo mínimo (5º) >anelar (4º) > dedo médio (3 °) da mão dominante
  2. Prevalência no sexo masculino.
  3. Lesão de martelo tendíneo ocorre em indivíduos com mais de 11 anos de idade. Antes o esqueleto é imaturo – faz uma fratura da placa transepifisária.

Tratamento:

Depende inicialmente de 4 fatores:

  1. Do grau de flexão do dedo (> de 30 graus).
  2. Da porcentagem do fragmento ósseo que atinge a superfície articular (nos casos ósseos).
  3. Se a lesão é aberta (exposta).
  4. Tempo da lesão (aguda = até 4 semanas) ou ( crônica = mais de 4 semanas).

Existem outros fatores, mas esses são os guias iniciais:

Tratamento conservador (sem cirurgia):

  1. A maioria dos especialista em cirurgia da mão recomendam imobilização da articulação interfalangeana distal (IFD) em extensão total de 6 a 8 semanas, seguido de desmame progressivo da tala (tala noturna).
  2. Em geral para lesões agudas e que não sigam os critérios acima.
Imobilização da ponta do dedo com tala

Tratamento com cirurgia:

  1. Indicado para pacientes que tem contra-indicação uso da tala.
  2. Nos casos acima descritos (indicação de cirurgia).
  3. Fixação do fio de Kirschner oblíquo ou axial da IFD (sem o reparo do tendão), por 6 a 8 semanas, seguido por 2 a 4 semanas talas parcial à nos casos que a lesão é somente tendinosa.

Nesse método não é necessário o uso de tala nos períodos iniciais após a fixação

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Bandas Laterais - Lesões na zona 2

  1. Lesão na região das bandas laterais (2) ou do ligamento triangular
  2. Se 1 banda íntegra essa mantém o movimento
  3. < 50% – 1 ou 2 sem de cuidados locais seguido de movimentação ativa (tratamento sem cirurgia)
  4. > 50% – tratamento é cirúrgico seguido de imobilização em extensão por 6 semanas.
  5. Lesões crônicas – deve-se fazer um enxerto de tendão e realizar a reconstrução do ligamento retinacular obliquo

3

Dedo em botoeira (Boutonniere ou Buttonhole Deformity) - Lesões na zona 3

  1. Lesão de tendão extensor central
  2. Posição característica = flexao da interfalangeana proximal (IFP) e extensao da IFD.

Etiologia da botoeira:

  1. Trauma no dorso da IFP (laceração / corte/ trauma contuse) ou uma luxação volar da IFP (trauma)
  2. Secundário a Artrite Reumatóide e queimados também.
  3. Há casos congênitos também.

Cuidados:

  1. Lesao aguda geralmente pode não causar botoeira (pode completo movimento – e o dedo fica deformado na 2 a 3 sem após).
  2. Verificar com seu especialista em cirurgia da mão os pseudobotoniere (pode ser por contratura em flexão da articulação).

Tratamento

  1. Lesões abertas necessitam ser reparadas
  2. O tratamento no caso agudo e fechado é conservador (geralmente se menos de 50% da lesão também pode) à tala em extensão por 6 semanas.

O tratamento cirúrgico nos casos necessários (em geral os com perda de substância do tendão, lesões abertas ou com avulsão óssea) podem ser feitas suturas diretas, uso de ancoras e outras técnicas de reconstrução ou reparo com parafuso. Em geral a imobilização do dedo é mantida por 6 semanas.

As lesões crônicas caracterizadas por um diagnóstico tardio ou não tratamento do dedo em botoeira aguda caracteriza algumas situações. O que importa é determinar se a lesão é rígida ou se há processo de artrose da articulação. Dependendo dos estágios que estiver a lesão há um tratamento diferente para ser definido e realizado. Pode se for flexível e corrigível por exemplo ser tratada sem cirurgia em alguns casos.

Porém, invariavelmente eles evoluem para algum grau de rigidez ou perda de função, ao qual o procedimento cirúrgico pode corrigir.